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sexta-feira, 15 de junho de 2012

cenário



À passos largos. Ele sempre viera assim, com a mesma rapidez e pelo mesmo lugar desde quando ela fora capaz de notar. Andar seguro e ligeiro, imponente.. Ou talvez nem tão imponente assim, poderia ser apenas o tamborilar dos saltos do frágil coração dela, a cada passo de aproximação.
Desde a primeira vez que ele transpôs aquele espaço de entrada, este passou a ser dele. Tantos corpos movendo-se por entre aqueles pilares, mas nenhum possuía a graça e leveza; nenhum figurava tão bem naquele cenário quanto o dele.. Branca, azul, vermelha; qualquer camiseta lhe caía bem, bastava envolver o corpo dele. Pensando bem, talvez o cenário fosse ele, e a paisagem ao fundo não passasse de mera figurante.
(...)
Já faz um tempo que os negros e pequeninos olhos dela caçam aquela cena... Sem ele ali, tudo tem jeito de fotografia velha. Sem vida, nada mais que uma réplica sem graça de um momento cheio de magia.
Agora o vento sopra, relativamente forte, agitando as árvores daquele lugar, como que para mostrá-la que ali há vida sim, mesmo sem a presença dele.
E ela custa a entender como ele pôde encontrar outras entradas para marcar seus passos. Sabe que ninguém há de esperá-lo com aqueles olhinhos ansiosos que só pertencem a ela. Que são capazes até mesmo de materializá-lo ali, num eterno "repeat", onde na verdade não há ninguém e, para todos, não mais do que nada.
Sem notícias, sem a presença, sem o amor.
Intrigante que, apesar de tudo e por mais que ele esteja errado, ela ainda gaste seu papel e meia dúzia de horas de sono pensando nele...
Reflexões a parte. Mas que ali é o cenário dele, ah se é...


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