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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Metalinguagem


A arte de escrever.
Arte que não exige ser exercida por “artistas” propriamente ditos. Basta-se lápis e papel à mão e muita boa vontade para expressar aquilo que vem à mente e ao coração.
            Não exige formação em Letras nem ortografia politicamente correta, nem mesmo português afiado... apenas exige que se extraia a essência daquilo que não se ousa traduzir oralmente, e a transforme em marcas azuis borrando o esbranquiçado papel. Aceita desvios de pontuação, neologismos, transgressões gramaticais, pausas desnecessárias... tudo para que se dê à leitura um caráter mais humano.
            Pode ser um hobby, uma obrigação, um escapismo... Sim! Às vezes o papel pode ser o amigo mais compreensivo nos momentos de angústia. Ele te “ouve” sem te censurar, e ainda te possibilita a capacidade de se enxergar por meio daquilo que foi grafado por você, já que não há nada mais interessante e revelador do que reler, tempos depois, aquilo que foi escrito num certo momento da sua vida.
            Escrever é o grito silencioso daqueles de alma inquieta. É conversar consigo mesmo, mas longe da loucura. É compartilhar com o resto do mundo a explosão de emoções que o preenchem. É traduzir em palavras aquilo que habita, neste mesmo mundo, o coração e a mente das pessoas.
            Escreve-se para dividir seu fardo com o papel, ou simplesmente para ver nos olhos do leitor a pura identificação. Escreve-se por escrever. Por hábito. Por tédio. Por necessidade. Ou por vocação. Simplesmente, escreve-se.
            Há quem diga que é fácil escrever, mas a tarefa de traduzir o abstrato em concreto pode ser mais difícil que resolver a mais complexa equação matemática, ou respirar embaixo d’água...
            Mas, quando vira vício, esta árdua tarefa torna-se companhia constante daquele que o faz, parte essencial da vida daquele que escreve... e as palavras não nos parecem mais tão misteriosas; passam a vir naturalmente ao encontro de uma mão e caneta que, porventura, pairem sob um papel qualquer; loucas para se libertarem e libertarem-nos!
Vira-se refém de tal hábito, refém de transcrever dor, agonia, felicidade, emoção, decepção, surpresa, incredulidade, indignação.. Liberdade que as palavras precisam e merecem.

            “Não se sabe a força de uma palavra até ter sido vítima dela.”
E é a força da palavra que move o mundo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Inconstâncias...


            Nada na vida é apenas o que parece ser. A existência é muito mais que um punhado de atos de uma peça, que seguem uma ordem cronológica perfeita e racional. Nada de sincronia, nada de certezas, nada de “Happy Ending” garantido. Se assim fosse, tudo isso não seria viver, mas apenas o tão temido ‘existir’... Deixar os dias se arrastarem, tendo a garantia e certeza de que tudo ia acabar em ordem, tudo em seu devido lugar.
            O que alimenta a vida humana é a inconstância! A incerteza, a dúvida persistente e enlouquecedora, a eterna sensação de inesperado, de que a qualquer minuto tudo pode mudar, assim como a brisa muda de intensidade ou direção...
            Em suma, a vida é refém das nossas escolhas.
            Ninguém tem todo o destino traçado, só trazemos conosco o esboço. A cada atitude, a cada decisão nossa, o rumo que a vida pega muda completamente... e as vezes chega a ser estranho pensar sobre quantos não’s e sim’s proferidos são responsáveis por mudar para sempre o destino de alguém; o quanto um atraso de cinco minutos pode aproximar duas almas ou afastar pessoas para sempre; o quanto um sorriso espontâneo pode despertar adoração em um estranho, ou quanto um ato ríspido pode criar inimigos ferrenhos e eternos.
            Não há de se prever o futuro de nada nem ninguém, pois este se desenha no limiar de cada tic tac do relógio, de cada movimento das nuvens no céu, de cada estrela que se apaga na imensidão do universo, de cada metamorfose da lagarta em borboleta, que se liberta cheia de anseios em busca de suas intensas 24 horas de vida.

Morrer não dói...e viver, menos ainda!