A arte de escrever.
Arte que não exige ser exercida por “artistas” propriamente ditos. Basta-se lápis e papel à mão e muita boa vontade para expressar aquilo que vem à mente e ao coração.
Não exige formação em Letras nem ortografia politicamente correta, nem mesmo português afiado... apenas exige que se extraia a essência daquilo que não se ousa traduzir oralmente, e a transforme em marcas azuis borrando o esbranquiçado papel. Aceita desvios de pontuação, neologismos, transgressões gramaticais, pausas desnecessárias... tudo para que se dê à leitura um caráter mais humano.
Pode ser um hobby, uma obrigação, um escapismo... Sim! Às vezes o papel pode ser o amigo mais compreensivo nos momentos de angústia. Ele te “ouve” sem te censurar, e ainda te possibilita a capacidade de se enxergar por meio daquilo que foi grafado por você, já que não há nada mais interessante e revelador do que reler, tempos depois, aquilo que foi escrito num certo momento da sua vida.
Escrever é o grito silencioso daqueles de alma inquieta. É conversar consigo mesmo, mas longe da loucura. É compartilhar com o resto do mundo a explosão de emoções que o preenchem. É traduzir em palavras aquilo que habita, neste mesmo mundo, o coração e a mente das pessoas.
Escreve-se para dividir seu fardo com o papel, ou simplesmente para ver nos olhos do leitor a pura identificação. Escreve-se por escrever. Por hábito. Por tédio. Por necessidade. Ou por vocação. Simplesmente, escreve-se.
Há quem diga que é fácil escrever, mas a tarefa de traduzir o abstrato em concreto pode ser mais difícil que resolver a mais complexa equação matemática, ou respirar embaixo d’água...
Mas, quando vira vício, esta árdua tarefa torna-se companhia constante daquele que o faz, parte essencial da vida daquele que escreve... e as palavras não nos parecem mais tão misteriosas; passam a vir naturalmente ao encontro de uma mão e caneta que, porventura, pairem sob um papel qualquer; loucas para se libertarem e libertarem-nos!
Vira-se refém de tal hábito, refém de transcrever dor, agonia, felicidade, emoção, decepção, surpresa, incredulidade, indignação.. Liberdade que as palavras precisam e merecem.
“Não se sabe a força de uma palavra até ter sido vítima dela.”
E é a força da palavra que move o mundo.