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sábado, 23 de junho de 2012

Carta para um pseudo-amor


" Olha, tô te escrevendo pra dar um basta de vez nessa nossa história. Pra que esse fim tenha um ponto final bem maciço, que é pra, de novo, você não vir atrás de me procurar justamente quando eu resolver te esquecer.
 Eu sempre fui ciente do meu valor durante todos esses meus longos anos de vida. Mas parece que, em poucos meses, você virou minha cabeça. Esqueci amor-próprio, auto-conservação; virei um farrapo tentando, dia após dia, "servir" pra você... Ser suficiente, ser à altura, ser perfeita, cada vez mais tua. E única. Mas seus olhos rasos não puderam enxergar nenhum dos meus esforços, que pena. Tudo em vão.
Ora, hoje tô aqui, soltando sob o papel todos os meus medos, monstros, ilusões. Eles ão de acompanhar esta carta, acomodados, talvez, num cantinho do envelope, endereçados à você; ninguém menos que o legítimo criador. Já não me pertencem mais, agora me faço livre. Livre da submissão, do sofrimento, da desvalorização. Do amor louco e doente que eu fiz minha razão de ser, ao longo desses "alguns meses" que estive com você...
Toma, que é tua toda essa angústia. Tô aqui pra dizer que JÁ ERA, esse nosso pseudo-amor.  
 Toma teu rumo, que eu já tô tomando o meu. Mas guarda a sábia lição de nunca mais fazer pouco de alguém.
Não vou te desejar tudo de bom, dois beijinhos e tchau. Isso também. Mas desejo que minha falta doa e faça eco na tua alma, no teu peito e além.. E eu sei que, um hora, fará.
Que é pra você aprender a nunca mais me fazer chorar. Me magoar... Que é pra você (também) saber que sofri, mas agora já consegui me libertar. 
Olha, tô livre! De você.

Assinado:   eu.                um ex-pedaço seu.                    "
 
 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

cenário



À passos largos. Ele sempre viera assim, com a mesma rapidez e pelo mesmo lugar desde quando ela fora capaz de notar. Andar seguro e ligeiro, imponente.. Ou talvez nem tão imponente assim, poderia ser apenas o tamborilar dos saltos do frágil coração dela, a cada passo de aproximação.
Desde a primeira vez que ele transpôs aquele espaço de entrada, este passou a ser dele. Tantos corpos movendo-se por entre aqueles pilares, mas nenhum possuía a graça e leveza; nenhum figurava tão bem naquele cenário quanto o dele.. Branca, azul, vermelha; qualquer camiseta lhe caía bem, bastava envolver o corpo dele. Pensando bem, talvez o cenário fosse ele, e a paisagem ao fundo não passasse de mera figurante.
(...)
Já faz um tempo que os negros e pequeninos olhos dela caçam aquela cena... Sem ele ali, tudo tem jeito de fotografia velha. Sem vida, nada mais que uma réplica sem graça de um momento cheio de magia.
Agora o vento sopra, relativamente forte, agitando as árvores daquele lugar, como que para mostrá-la que ali há vida sim, mesmo sem a presença dele.
E ela custa a entender como ele pôde encontrar outras entradas para marcar seus passos. Sabe que ninguém há de esperá-lo com aqueles olhinhos ansiosos que só pertencem a ela. Que são capazes até mesmo de materializá-lo ali, num eterno "repeat", onde na verdade não há ninguém e, para todos, não mais do que nada.
Sem notícias, sem a presença, sem o amor.
Intrigante que, apesar de tudo e por mais que ele esteja errado, ela ainda gaste seu papel e meia dúzia de horas de sono pensando nele...
Reflexões a parte. Mas que ali é o cenário dele, ah se é...


sábado, 9 de junho de 2012

Step by step (passo a passo)




Deixar para trás. Leave. É a palavra de ordem para aquilo que já não te serve mais.
Você bem sabe o quanto foi eterno enquanto durou, mas já não tem espaço em meu novo “eu”.
Metamorfose ou simples camuflagem. O sino da mudança badala, em compasso acelerado.
Não se há de permanecer atado àquilo que, definitivamente, JÁ ERA! Era amor, compreensão, força, dedicação. Meta, sonho ou, quem sabe, alucinação.
Foi! Hoje não passa de meia dúzia de páginas amareladas; só você (ou talvez eu) que relutava em perceber...
Com pequenas manchas de bolor, tais folhas são, pouco a pouco, extraídas do caderno com a delicadeza de quem não descarta memórias. Sim, você é assim. Será memória vívida e até sofrida, por um tempo. Mas sofrimento que passa. Passará, e você tomará forma e espaço onde cabe: no fundo do meu baú de lembranças.
Adultero essas tais reminiscências... Deleto tudo aquilo de ruim e dou contraste às capturas felizes.
Assim, pouco a pouco, torno menos dolorido e amargo o meu mundo sem você que, apesar de forma de mera memória, não estará (pra sempre) menos grafado que tatuagem, à prova de qualquer laser ou troca de pele.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

homem de lata


Atitude, toque seguro, braços fortes e sorriso iluminado.
Sem dúvida, o homem mais certo na arte de ser errado.
Fala mansa, charme inegável, diria até um portador dos tão falados 'olhos de ressaca, de Machado’, capazes de tragar corpo e alma sem qualquer esforço ou relutância.
Só tinha um único defeito: tal qual o homem de lata, nascera sem coração.


Nem sombra, nem resquício, nem ideia vaga do que isso seja e da função emotiva que realize. “- Músculo involuntário, etc”; seu conhecimento não passava disso.
Estranho é olhar ao redor e perceber que praticamente todos são adeptos e disseminadores da "ladainha" desse desconhecido sentimento associado ao peito.
Ele não. Ele estava livre da alienação do amor e conseguia enxergar tudo com aquela clareza e praticidade que a gente tanto pede a Deus pra ter, mas na verdade vive fugindo...
Ele nascera assim, sem a lente da expectativa acompanhando a retina. Sensibilidade sensorial, e nada mais. E vive muito bem, obrigado; inclusive porque nunca preocupou-se ou mesmo foi capaz de mensurar a devastação que deixa nas vidas alheias, ao acidentalmente alimentar um sentimento que jamais seria capaz de retribuir. Porque simplesmente não o conhece.
Catástrofe silenciosa (ou nem tão silenciosa assim). Longe do coração, longe da sua consciência.


"Você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem (…)" 
L. Frank Baum - O Maravilhoso Mágico de Oz


sábado, 2 de junho de 2012

go ahead.


Titanium (ouvir)

Desanimar, fraquejar, prostrar-se de joelhos, mãos ao chão à intimamente implorar por um golpe de força que arrebate-lhe de onde está. Inerte, indefesa, dando-se por vencida. Game over, talvez?!.. Mas com gostinho de "to be continued".

Sua garra e sua coragem permanecem aí, dentro de você, quem sabe um pouco intimidadas por tantas dificuldades pelas quais você tem passado. Porém, apesar de não se permitir admitir, você sabe que é capaz de passar por todas elas, derrubando uma a uma. Strike. Sim garota, você é capaz de ganhar o jogo num único movimento, numa unica iniciativa! Não se deixe derrubar; erga sua fortaleza e enfrente de frente o que vier. Dor alguma será páreo para a sua alegria. Não há o que perder, você só tem a ganhar...
Levanta a cabeça, mira o alvo e VÁ EM FRENTE! Levante a voz, grite para si mesma o quanto você pode e é capaz.
Lute. Não se deixe levar, desacreditar, desmoronar.
"Você é mais forte do que pensa e será mais feliz do que imagina", disse alguém.

Porque a vida é um eterno 'manter-se de pé' diante daquilo que quer te ver no chão.